A suposta neutralidade cientifica dos ateus
A suposta neutralidade cientifica dos ateus

 

Os céticos, ateus e agnósticos – na sua grande maioria – acham que as idéias advindas de cientistas religiosos não são confiáveis, simplesmente por serem escritas e defendidas por pessoas que têm suas crenças. Essa concepção ficou mais clara para mim recentemente, durante troca de comentários com alguém que se considera um agnóstico.



Em nosso diálogo, fiz a citação de um cientista cristão, Dr. Antonino Zichichi, autor de estudos e pesquisas sobre as estruturas e forças fundamentais da natureza, algumas das quais abriram novos caminhos para a física subnuclear de altas energias. Zichichi é professor de Física da Universidade de Bolonha, fundou e dirige o Centro de Cultura Científica Ettore Majorana de Erice, ex-presidente da European Physical Society, e da Wordl Federation of Scientists.



Doutor Antonino Zichichi escreveu o livro Porque Acredito Naquele que fez o Mundo (Editora Objetiva), no qual ele desmente a contraposição entre fé e ciência, argumentando que não existe nenhuma descoberta científica que possa ser usada para questionar a existência de Deus. Percorrendo as grandes descobertas da ciência galineana moderna, ilustrando com extrema clareza seu impulso inovador, ele demonstra como fé e ciência não estão de forma alguma em contraste uma com a outra. Na sua argumentação lúcida e coerente, ele mostra como a própria ciência é, em última análise, uma questão de fé: fé na existência de uma lógica que governe este mundo. Tal lógica, para ele, é a lógica de Deus.

No livro, Zichichi escreve que a Teoria da Evolução de Charles Darwin não possui nenhuma base científica. Segundo ele: “Uma teoria com anéis ausentes, desenvolvimentos milagrosos, inexplicáveis extinções, imprevistos desaparecimentos não é ciência galineana. Ela pode, no máximo, ser uma interessante tentativa de estabelecer uma correlação temporal direta entre observações de fatos não-reproduzíveis, objetivamente fragmentários que precisam necessariamente de ulteriores réplicas” (p. 80).



Porém, ao fazer a menção do Doutor Zichichi, e do seu currículo invejável, meu amigo incrédulo respondeu: – “Ele é um homem de grandes atributos, mas um tanto suspeito, pois é por incrível que pareça religioso. Um cientista que teve a coragem de dizer que ciência e religião são conciliáveis, no mínimo não é confiável”.



É quase difícil de acreditar que um agnóstico, que geralmente se orgulha de dizer que suas concepções e idéias são – sempre – fundamentadas na lógica e na racionalidade, tenha chegado a tal conclusão. Mas, como afirmei inicialmente, isso não é uma exceção, é regra. Eles acreditam que as idéias advindas de cientistas religiosos não são confiáveis, simplesmente por serem escritas e defendidas por pessoas que têm suas crenças.



Essa idéia parte do pressuposto de que os cientistas antiteístas são neutros e os crentes, tendenciosos. Além de conter uma enorme vileza intelectual, essa visão joga por terra a contribuição científica de homens como Galileu Galilei, Blaise Pascal, Max Plank e James Maxwell, todos religiosos.



Ou ainda, o que dizermos de Francis Collins, ex- ateu, convertido, um dos maiores cientistas da atualidade, diretor do Instituto Nacional de Investigação do Genoma Humano, e nomeado recentemente por Barack Obama para ser o diretor do Instituto Nacional de Saúde Americano (NIH). Em seu livro “A linguagem de Deus”, Collins diz que a descoberta do genoma humano lhe permitiu vislumbrar o trabalho de Deus. Segundo ele, há bases racionais para um Criador e que as descobertas científicas levam ao homem mais cerca de Deus.



Pergunto: As conclusões científicas de Francis Collins devem ser rejeitadas simplesmente pelo fato dele ser crente?



No caso de Collins a postura dos ateus evidencia-se mais perplexa. Quando ateu, Collins era um bom cientista; depois que se converteu, passou a ser tachado (por muitos) de péssimo cientista. Assim, os incrédulos criaram a estapafúrdia dicotomia: ateu cientista = cientista bom; crente cientista = cientista ruim.A ciência passa, portanto, da objetividade para a subjetividade, em que o ponto central não é o objeto da pesquisa, mas sim o pesquisador.



Ora, dizer que os cientistas são neutros é um mito já bem ultrapassado. Ele age em conformidade com sua cosmovisão e percepção de vida. No interessante livro Grandes Debates da Ciência (Unesp), Hall Hellman faz um relato sobre as dez das maiores contendas científicas de todos os tempos. Em suas palavras “[...] os cientistas, são suscetíveis de emoções humanas, que são influenciados pelo orgulho, cobiça, beligerância, ciúme e ambição, assim como por sentimentos religiosos e nacionais; que eles estão sujeitos às mesmas frustrações, cegueiras e emoções triviais que o resto de nós; que eles são, na verdade, completamente humanos”.



Todos são, enfim, tendenciosos. Mas, será que essa tendência fatalmente corromperá a sua objetividade? Como escreveram Norman Geisler e Frank Turek:



“Se fosse assim, nenhum livro seria objetivo, incluindo aqueles escritos por ateus e céticos. Por quê? Porque todos os livros são escritos por uma razão; todos os autores têm uma tendência e eles (ou, pelo menos, a maioria deles) acreditam naquilo em que escrevem! Contudo, isso não significa que aquilo que escrevem seja falso ou que não seja objetivo. Ainda que os autores muito raramente sejam neutros em relação aos seus objetos de pesquisa (motivações pessoais fazem-nos escrever), todavia podem apresentá-los maneira objetiva” (Não tenho fé suficiente para ser ateu, Editora Vida, p.13).



Portanto, como diria Geisler, não se pode desconsiderar aquilo que um religioso escreveu sobre ciência, simplesmente pelo fato dele ser religioso. Assim como não se pode desconsiderar aquilo que um ateu escreveu sobre determinado assunto, simplesmente pelo fato dele ser um ateu; pois, ele pode estar falando a verdade.



Ocorre que os evolucionistas se esquecem disso. Ao invés de debaterem o conteúdo da teoria científica, tentam mudar a rota da discussão com o fim de deslegitimar todos quantos se opõem à idéia de Darwin, que se transformou em uma espécie de profeta… profeta do naturalismo, que não pode, em hipótese alguma, ser contestado.



Fonte= Gospel Prime